A implantação de hortas no Centro de Triagem e Encaminhamento de Migrantes (Cetremi) e na Unidade de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes – Unidade II (UAICA), está transformando a rotina dos usuários atendidos.
Através de parcerias e do empenho dos profissionais, os projetos, além de contribuir com o resgate da autoestima de crianças, adolescentes e adultos, estão enriquecendo as atividades pedagógicas e oferecendo a oportunidade de aprenderem um ofício que pode contribuir com a renda dos usuários.
No Cetremi, a implantação da horta conta com a supervisão de educadores sociais e equipe técnica, além de um técnico agrícola da unidade, que coordena toda a etapa de construção de estufas e manejo do plantio.
Diversas hortaliças estão sendo cultivadas, como alface, salsa, coentro, cebolinha, berinjela, quiabo e almeirão. Algumas colheitas já começaram e os produtos estão sendo utilizados para incrementar as refeições oferecidas na unidade.
Para o coordenador do Cetremi, Odair de Jesus Martins, as orientações técnicas propiciam um aprendizado aos usuários que pode se transformar em uma profissão no futuro. “O conhecimento e práticas de produção desses vegetais, típicos da nossa região, proporcionará qualificação profissional. Dessa forma será enriquecido o repertório de instrumentos dos usuários que contribuam com o desenvolvimento da sua autonomia”, destacou Odair. Ele também afirma que o ato do cultivo é uma alternativa recreativa à ociosidade.
Ainda segundo o coordenador, pelo fato de acolher um público diverso, que inclui população em situação de rua, a equipe da unidade pensa em projetos multidisciplinares, que atendam às peculiaridades dos acolhidos e a realidade local.
“Buscamos criar novas possibilidades de retorno à autonomia e dignidade dessas pessoas e construir, com elas, uma estratégia que erradique ou ao menos enfraqueça a vulnerabilidade em que se encontram”, concluiu Odair
Animado com a nova oportunidade, o usuário Marco Antonio Caldas disse que o projeto tem estimulado sua presença no Cetremi e a participação nas demais atividades de socialização. “Está sendo muito bom porque fiquei mais animado em aprender um trabalho que pode ajudar no meu futuro. Mudou muito minha vida. Eu nunca tinha trabalhado em horta e agora tenho uma ocupação”, pontuou.
Pedagógico
Já na UAICA II, a horta deve render bons frutos em breve, graças a uma parceria com a Universidade Católica Dom Bosco, por meio de um projeto que une os cursos de Agronomia e Nutrição.
A coordenadora da unidade, Fernanda Bazanela, conta que a ideia surgiu em 2019, mas precisou ser adiada devido à pandemia. Mesmo ainda ocorrendo de forma presencial, adaptações foram realizadas pelo professor Lucas Castro Torres, coordenador do curso de Agronomia e do projeto “Horta Escola”, que também já atendeu alguns Centros de Referência da Assistência Social (Cras).
A proposta é desenvolver a prática do cultivo de hortaliças e servir de laboratório para despertar o interesse pela educação ambiental e também estimular uma alimentação saudável, fortalecendo o vínculo entre o pedagógico e saúde, contribuindo para que a horta funcione como fonte complementar de vitaminas e minerais nas seis refeições diárias oferecidas na unidade para as crianças.
Tão importante quanto despertar a consciência ambiental, para a coordenadora Fernanda, o uso da horta nas atividades pedagógicas é um dos principais benefícios do projeto. “É possível trabalhar o desenvolvimento motor e equilíbrio das crianças, tendo em visto que são elas que irão cuidar do espaço”, disse.
A dinâmica já teve início na unidade. A equipe do professor Lucas iniciou os trabalhos com crianças entre seis e 11 anos, que ajudaram na limpeza do espaço e terão a oportunidade de escolher quais hortaliças serão cultivadas, incentivando entre elas, o poder de escolha. “Elas estão muito empolgadas com a atividade e ficaram ansiosas pela próxima visita nossa. A interação foi ótima”, frisou o professor.
As crianças acolhidas terão o contato com o plantio até a colheita, valorizando cada etapa. Tomando todos os cuidados de biossegurança, o projeto, que irá visitar a unidade a cada 15 dias para oferecer suporte técnico, ainda proporciona oficinas quanto ao cultivo e manejo da terra.
“Além de tudo é uma terapia ocupacional para elas, que irão se sentir valorizadas em contribuir com um trabalho tão enriquecedor”, ressaltou Fernanda.
› FONTE: PMCG