No mês de conscientização do autismo, a Escola Municipal Padre Heitor Castoldi realizou um dia bem diferente para seus alunos. A unidade promoveu a Sexta Cultural e levou uma banda de rock para transmitir uma mensagem, por meio da música, de combate ao bullying, já que o baterista, o músico Eduardo Balardin, é autista e conversou com as crianças sobre a importância de combater o preconceito.
As crianças puderam curtir clássicos do rock internacional e nacional. A ação foi marcada pela presença da banda Misbehavior da cidade de Dourados, distante 200 quilômetros da Capital.
A visita da banda teve como intuito, conscientizar os alunos sobre o autismo e o combate ao bullying. A forma de abordar a temática sobre o assunto e quebrar os paradigmas foi mostrando o trabalho do baterista, de apenas 14 anos, que sofreu preconceito por ter Transtorno do Espectro Autista – TEA.
O diretor da unidade, Lauro da Silva, fala sobre o evento e o que ele pode proporcionar de ensinamento para os alunos.
“O que mostramos para nossas crianças é que todo mundo é capaz de realizar aquilo que quiser, trazendo um jovem que tem uma dificuldade. Isso potencializa nossos alunos e eles podem ver que os obstáculos estão aí para serem superados”, afirmou.
O diretor ressaltou que o evento também foi um momento de inclusão, já que dos 450 alunos da unidade, pelo menos 30 têm algum tipo de deficiência. A unidade, localizada na Vila Nhá-Nhá, conta com salas de recursos multifuncionais e uma sala para alunos com altas habilidades e dotação.
Glaucia Carmona, técnica da Divisão de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação (Semed), explica a importância de se trabalhar com este tipo de atividade. “O importante dessa ação é ressaltar, que mesmo diante de nossas dificuldades, temos potencial”, disse.
A professora da sala de recursos multifuncionais, Luciana Queiroz, acredita que a presença do baterista Eduardo vai ajudar na abordagem da temática sobre o TEA e o bullying.
“Eu vi a banda na internet, e pelo fato do Eduardo ter autismo e tocar me chamou bastante a atenção, então eu quis trazer para a escola para incentivar as crianças a observarem suas potencialidades, independente da questão da deficiência ou do transtorno”, disse.
O aluno Luis Carlos Goete, de sete anos, que tem autismo, falou da sensação de ver o baterista e de seu sonho que é o de também se tornar um músico. “Eu gosto de bateria porque posso bater, fazer barulho. Não sabia que ele tinha autismo. Eu gosto de rock. Queria aprender também a tocar. Gostei de ver ele tocando”, comentou.
Luta contra o bullying
Gilson Búzio, vocalista da banda Misbehavior, explicou que Eduardo realiza participações dentro do grupo e sempre participa de eventos. “É um poder ou algo divino, foi uma coisa que aconteceu por acaso, descobri ele nas redes sociais, sempre coloquei banda iniciante para tocar a gente”, pontuou.
O vocalista relatou que a experiência deixou os pais de Eduardo emocionados. “Os pais falaram do bem que eu havia proporcionado, até e o momento eu não entendia nada, via que ele tinha alguma limitação e os pais falaram que ele era autista. Acabei que incentivei mais e convidei ele para tocar em um show grande na cidade”, recordou.
Gilson ainda relata que ficou sabendo que Eduardo estava sofrendo com o bullying na escola. A partir disso, a banda programou um show na escola de Eduardo para tratar da temática. “Falei que se a pessoa que promove o bullying acha isso engraçado, tem que sair da escola e ir para o circo, e, coincidentemente depois o rapaz que praticava o bullying é hoje o melhor amigo dele”, disse.
Eduardo foi a grande atração para os alunos da escola e falou sobre o amor pela bateria e de seus sonhos.
O gosto por tocar o instrumento veio através de uma cena de um amigo tocando e de vídeos de bandas de rock. “Eu amei desde o primeiro momento, foi inspirador”, destacou o músico. Eduardo toca bateria há três anos em Dourados, fazendo participação junto com a banda. As bandas favoritas dele são o Iron Maiden, Depp Purple,
AC/DC, Black Sabbath e Led Zepelim.
O baterista diz que a música o ajuda a enfrentar o autismo, tirando o estresse do dia a dia e sua ansiedade. “Quando alguém me maltrata eu lembro que tenho a bateria para descarregar”, mencionou.
Sobre o bullying praticado pelos colegas de escola, Eduardo fala como a música e a bateria transformou sua vida. “Eu me vejo, não como essas pessoas falam, me vejo como uma pessoa muito forte. Hoje meus amigos me olham como um grande artista. Bastante gente me conhece em Dourados. Hoje em dia o pessoal escuta o som da bateria e já me identificam”, contou.
› FONTE: http://www.campogrande.ms.gov.br