Balanço da Câmara Técnica mostra avanço na conservação do solo e da água em Bonito

Publicado em 17/08/2020 Editoria: Meio Ambiente

Criada em março de 2019 para centralizar e orientar as ações de conservação do solo e dos cursos d’água, em resposta direta ao problema do turvamento das águas dos rios Formoso e da Prata ocorrido em Bonito, no verão de 2018, a Câmara Técnica de Conservação do Solo e da Água intensificou as atividades e já apresenta um resultado satisfatório, apontando que o caminho correto e seguro foi encontrado para garantir a qualidade das águas na região que tem nesse recurso o motor da economia. Os dados foram apresentados pelo engenheiro agrônomo Paulo Sérgio Gimenes, da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), órgão vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro).

Gimenes participou na sexta-feira (14) do último dia do I Seminário Virtual “Semeando Água”, organizado pelo IASB (Instituto das Águas da Serra da Bodoquena) com apoio da Associação Brazil Foundation e transmitido ao vivo pela página da entidade no Facebook e pelo canal do Youtube. O evento começou na segunda-feira (10), com a participação do secretário da Semagro, Jaime Verruck, e teve ainda contribuições do promotor de Justiça de Bonito, Alexandre Estuqui Júnior, entre outros convidados.

A Câmara Técnica de Conservação do Solo e das Águas está vinculada à Semagro e tem como atribuição a emissão de pareceres e de recomendações técnicas acerca do Projeto Técnico de Manejo e de Conservação de Solo e Água. A Câmara é composta por representantes da Semagro, Agraer, Imasul, Agesul, Famasul, Fundação MS, Embrapa, Prefeitura Municipal de Jardim, Prefeitura Municipal de Bonito.

Desde a ocorrência do turvamento das águas dos principais rios da região de Bonito, no verão de 2018 – fato que forçou o fechamento de importantes atrações turísticas – o Governo do Estado tem adotado uma série de medidas para resolver o problema e garantir a longo prazo a qualidade das águas. Começou com levantamento da situação, estudos técnicos e a indicação das medidas adequadas. Em seguida iniciaram-se as ações que, de imediato, surtiram efeito, tanto que o problema na gravidade com que se apresentou em 2018, nunca mais se repetiu.

Balanço

As equipes fizeram, de imediato, 155 visitas a propriedades rurais estabelecidas nas margens dos rios Formoso, Mimoso, da Prata e Córrego Seco, os principais cursos d’água da região de Bonito. Nessas visitas foi verificada a situação das estradas, estruturas turísticas, agricultura e pecuária, identificando pontos que necessitavam de correção para evitar processos erosivos que carreassem sedimentos aos rios.

Após esse primeiro levantamento, os técnicos realizaram mais 232 visitas já para propor as ações necessárias. Dessa forma foram aprovados 24 projetos de intervenção numa área de 4,2 mil hectares. “Cada situação tem um modelo de projeto”, explica Gimenes. Além dessa área, os trabalhos também envolveram reparos em 2.2 quilômetros de estradas internas e 6.6 quilômetros de estradas municipais, com a construção de bigodes, caixas de captação de águas e obstáculos para conter a velocidade da enxurrada.

A construção de terraços tem se mostrado uma opção vantajosa tanto para o meio ambiente como para o produtor rural, frisou Gimenes, pois cumpre a função de reter as águas dentro da propriedade e não resulta em perda de área cultivável, já que é possível plantar em toda extensão da estrutura. O engenheiro agrônomo apresentou fotos mostrando como estavam pontos de lavouras antes e depois das intervenções que atestam o sucesso dos projetos.

Mediador da Mesa Redonda, o promotor de Justiça Alexandre Estuqui Júnior elogiou o trabalho da Câmara Técnica, organismo que considera essencial para Bonito. “Confesso que não acreditava na eficácia dessa proposta, mas hoje não consigo imaginar Bonito e Jardim sem a Câmara Técnica”, disse.

Os trabalhos de mapeamento da região prosseguem durante a pandemia, com a análise de imagens de satélite. Identificando pontos que podem apresentar risco de erosão, os técnicos vão até o local fazer a comprovação e estudar as medidas necessárias. As ações diretas são de responsabilidade do proprietário do imóvel, com orientação da Câmara Técnica. O projeto tem parcerias com a Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos), prefeituras, entidades dos produtores rurais, Promotoria de Justiça e o IASB (Instituto das Águas da Serra da Bodoquena).

› FONTE: Portal do MS