Uma mulher de espírito empreendedor e que sempre batalhou pela educação. Assim pode ser definida uma das personalidades femininas mais importantes da história de Campo Grande: a consulesa Margarida Macksoud Trad, a primeira consulesa do Líbano no Brasil, nascida em 18 de abril de 1915 e que empresta seu nome à escola municipal localizada no Conjunto Estrela Dalva I e que este ano completou 19 anos.
Para marcar a data, alunos e profissionais da unidade decidiram imortalizar a trajetória de vida de Margarida Macksoud Trad no documentário “Entre Gerações”, que foi apresentado à comunidade escolar na noite desta quarta-feira (28), com a presença de pais, alunos e técnicos da Secretaria Municipal de Educação (Semed).
O vídeo, de 50 minutos, começa com a professora Neiva Salete Bitencurt Pereira, falando a um grupo de alunos e com depoimento do professor Cezar Macksoud, que era sobrinho da consulesa Margarida Macksoud Trad. Os dois falam sobre a infância de Margarida, que nasceu na cidade de Zahlé e veio para o Brasil com oito anos de idade. Ainda jovem, foi estudar no Rio de Janeiro onde conheceu seu marido, o comerciante libanês Assaf Trad e juntos tiveram os filhos Nelson, Norma, Ricardo e Marcelo Trad. A família mudou-se para Campo Grande no início dos anos 1950, construindo participação social e política relevante no estado.
Para enriquecer a trajetória da consulesa Margarida Macksoud Trad, a equipe de produção também coletou depoimentos do prefeito Marquinhos Trad e da advogada Fátima Trad, netos de Margarida e dos vereadores Otávio Trad e Willian Macksoud, bisnetos, que lembraram passagens da vida da consulesa, seus trabalhos sociais e como era sua personalidade em família. O filme ainda destaca como ela e o marido Assaf Trad encorajaram os filhos a abraçarem a carreira política, legado seguido também pela atual geração da família.
Resgate
Neto da consulesa Margarida Macksoud Trad, o prefeito Marquinhos Trad, que concedeu entrevista aos alunos, falou sobre a importância do resgate histórico. “Todos nós temos um passado, uma historia que é importante ser valorizada e reconhecida. É importante descobrir quem foram as pessoas que dão nome às ruas, prédios e escolas”, disse.
O prefeito ainda destacou o espírito de liderança de sua avó. “Ela era uma mulher forte, e inteligente, que soube educar e dar princípios a uma família toda. A maneira como ela se colocava à frente para defender o marido e os familiares era um exemplo de sabedoria. Ela era amorosa, mas exigia respeito e disciplina”, enfatizou.
O vereador Otávio Trad, bisneto da consulesa, destacou que uma de suas principais lembranças era a característica divertida e carinhosa. “É uma característica do povo libanês, que tem um amor muito grande pela família e com as pessoas, por isso é com muita alegria que participei desse vídeo”, disse.
Já o vereador William Macksoud lembrou que mais de 30 mil alunos já se formaram na escola que leva ao nome de sua bisavó. “É com muita satisfação ver a conclusão deste trabalho de resgate da cultura e as pessoas que tem uma contribuição na nossa cidade, é muito importante para as futuras gerações”, pontuou.
Primeira diretora da unidade, a superintendente de Gestão e Normas da Reme, Alelis Gomes, disse que o documentário vai perpetuar não apenas a história da escola, mas também das pessoas que passaram por ela. “É um local feliz e acolhedor porque o nome que foi dado a esta escola foi de uma pessoal do bem e contribuiu com este ambiente agradável”, destacou.
O diretor Orlando Rodrigues Peralta explicou que a exibição do documentário encerra um ciclo de oito meses de produção. “Este trabalho vem coroar um projeto realizado durante todo ano, por isso é um orgulho ver o envolvimento de todos, foi muito gratificante”, ressaltou.
A aluna Giovana da Silva Moretti, do 9º ano, atuou como produtora, organizando os entrevistados, nunca havia participado de uma atividade em áudio visual e disse que passou a ter uma novo olhar da escola. “Passei a ver meus amigos e professores de outra forma porque quando você resgata uma história, você aprende a ver o todo. O trabalho também uniu todos os profissionais e alunos”, disse.
Na segunda parte do filme, o foco são os depoimentos de alunos, servidores e ex-funcionários da escola, que destacam as conquistas, prêmios, projetos e o cotidiano de trabalho na unidade.
O projeto
O documentário nasceu do projeto “Escola Consulesa Entre Gerações”, que foi desenvolvido ao longo do ano e consistiu em uma ação de valorização da escola e sua história através de ações multidisciplinares e artísticas que foram desenvolvidas com toda a comunidade escolar. O objetivo foi divulgar a história da escola, resgatar seus principais elementos, valorizar as situações vividas, as relações construídas e as experiências de aprendizagem desenvolvidas, relembrando e valorizando os profissionais e personalidades importantes que passaram pela unidade, inaugurada em agosto de 2000.
A escola iniciou suas atividades contando com 24 salas de aula, quadra coberta, secretaria, cantina, laboratório de informática, sala de recursos, depósitos para mantimentos, sala dos professores, diretores e equipe técnica, área de lazer para as crianças e pátio. Devido ao crescimento da demanda da comunidade a escola passou a manter um anexo para sala de recursos a partir de 2002 para atender aos alunos com necessidades especiais por meio de trabalho pedagógico direcionado.
Já em 2004 e 2006, a escola foi novamente ampliada e foram construídas mais seis novas salas de aula, uma quadra poliesportiva e um depósito, melhorando ainda mais a infraestrutura do estabelecimento de ensino e atualmente atende 1473 alunos distribuídos entre a Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II e Educação de Jovens e Adultos.
› FONTE: PMCG