A Mostra “Oriente/Ocidente – Comunidades Indígenas do Paraguai” apresenta fotografias de Juan Britos, residente em Assunção, no Paraguai. Britos vem há alguns anos trabalhando a questão indígena, sem uma tematização, peregrinando por diversas situações do cotidiano, do rito, do trabalho, expressando, ao seu modo, os diversos modos de abordar um cenário conflitivo que requer acessos plurais.
No Paraguai, convivem 17 grupos étnicos pertencentes a cinco grandes famílias linguísticas e Juan traz o registro de grupos diversos: ayoreo, chamacoco, toba-qom, nivaklé, mbyá e aché. Apesar da clareza de que todos os grupos compartilham problemas comuns, como o etnocídio, a marginalização e a miséria, a depredação do meio ambiente, observa-se que Juan Britos não evita estes fatos dolorosos, mas não se detém neles.
Seu olhar vai além da imagem que denuncia, talvez por acreditar que mostrar os povos na sua diferença pode constituir uma forma de lutar por eles e apoiar a autoafirmação com pequenos gestos e graves movimentos que indicam no dia-a-dia o caminho esquivo do sentido: os caminhos plurais de culturas diferentes. Por este motivo, sua fotografia levanta o olhar até zonas sagradas, o mantém frente aos transtornos do fazer diário e não baixa os olhos diante da discriminação e do agravo.
Talvez, um de seus maiores méritos, descontados aqueles estético-formais, esteja nessa forma múltipla de aproximar-se a um mundo, a vários mundos, sem perder a distância que resguarda a diferença e funda o jogo dos olhares. Em parte, é possível que perceber que o fotógrafo retrata também sua própria condição de testemunha assombrada ou de solidário participante.
O artista obteve o 2º prêmio no concurso Jacinto Rivero, Fundação Faro para as Artes, com o projeto Oriente/Ocidente Comunidades Indígenas do Paraguai (2001), e o 3º prêmio no Concurso de Fotografia da Revista Acción (2003), em Assunção. Representa o Paraguai na I Bienal Internacional de Fotografia, Curitiba (1996), Bienal Internacional do Mercosul, Porto alegre (2003), 26ª Bienal de São Paulo (2004) e na exposição internacional de artes plásticas do Festival América do Sul 2005, Corumbá, Mato Grosso do Sul (2005).
A Mostra “Ocupando seu Espaço” expõe esculturas que saem hoje do subterrâneo para “ocupar seu lugar” na galeria do Museu, ficando à mostra para que todos possam fruir e usufruir da beleza, da dramaticidade e da expressão tão forte e, ao mesmo tempo tão sutil, que encanta.
”Essa mostra nos oportuniza um encontro com a produção de diversos artistas que se utilizam de materiais e técnicas diferentes para a representação de suas obras. A sensibilidade nos torna mais humanos ao percebermos os pequenos e grandes efeitos da arte. E esse treinamento sensível que ela nos proporciona, particularmente nessas esculturas, pode nos levar a pensar e reverberar sobre muitos aspectos: O reaproveitamento do material, o que seria? Como será? O que será? Quantas reflexões pode nos trazer uma obra de arte?”, diz a coordenadora do Marco, Lúcia Monte Serrat.
Na exposição “A Subjetividade de Vânia Pereira”, o público poderá conferir gravuras desta artista nascida em Aquidauana em 1940 e falecida em Campo Grande em 2002. Gravadora, desenhista, pintora e poetisa, Vânia cursou a Faculdade de Artes Plásticas e Comunicações da FAAP. Estudou desenho, gravura e xilogravura com grandes ícones nacionais e internacionais. Ministrou cursos de desenho, artes plásticas, arte infantil, xilogravura, gravura, entre outros. Participou de diversas exposições e salões de arte e recebeu premiações de grande destaque dentro e fora do Brasil.
Vânia Pereira, um dos nomes significativos da produção artística sul-mato-grossense, produziu um vasto trabalho usando linguagens diversas que determinaram a versatilidade da artista em suas percepções sobre a paisagem, memória e as relações humanas.
Vânia encontrou sua grande expressão no desenvolvimento da gravura em metal, explorando com propriedade a técnica da ponta-seca (processo de gravação da imagem na matriz de metal por incisão direta usando um instrumento com ponta de aço), o que fez da artista referência da linguagem no pioneirismo do uso dessa arte no Estado.
Com boa parte da produção de Vânia Pereira pertencente ao acervo do Museu de Arte Contemporânea de MS (MARCO) é possível estabelecer recortes que enfatizam os vários aspectos de seu trabalho, oferecendo ao público a chance de revisitar a obra consistente dessa artista que contribuiu com personalidade na constituição da história da arte local.
Pioneiras e corajosas são as personagens da exposição “Mulheres Protagonistas de nossa História”. Essas mulheres estavam e estão à frente de seu tempo, foram e são protagonistas e não coadjuvantes na construção de nossa cidade, nosso Estado. Mais do que uma homenagem, essa exposição é o reconhecimento de suas histórias, talentos e ações transformadoras. Reconhecer a importância de cada uma é preservar nossa memória, registrar nossa história e inspirar jovens mulheres a serem protagonistas de seu tempo.
As imagens registradas por Farid Fahed, Marycleide Vasques e Vânia Jucá são tão inspiradoras quanto a trajetória de suas modelos. As imagens de Roberto Higa mostram aquelas que já não estão entre nós. Toda a força e beleza dessas protagonistas foram captadas pelo olhar sensível e apurado de cada fotógrafo.
Serviço: O Museu de Arte Contemporânea fica na Rua Antônio Maria Coelho, 6.000 – Parque das Nações Indígenas. Período de visitação até 07 de julho de 2019 com exceção das obras de Vânia Pereira, que estarão à mostra até 25 de maio de 2019. O Marco recebe o público de terça a sexta, das 7h30 às 17h30, e aos sábados, domingos e feriados, das 14h às 18h. Mais informações pelo telefone (67) 3326-7449.