Uma criança chega para você e diz que foi vítima. Como agir? A reflexão vem da Secretária Especial de Cidadania, Luciana Azambuja, que demonstra preocupação diante dos dados divulgados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que apontam que de 66.041 casos de violência sexual registrados no Brasil no último ano, 81,8% são do sexo feminino, 53,8% foram meninas de até 13 anos, sendo a maioria delas, 50,9% negras.
Apesar de os dados do “Violência em Números”, apontarem 202 casos a menos que o anuário de 2017 para Mato Grosso do Sul, o total de 1.934 casos em 2018 é preocupante, pois o relatório indica que desse total, 1.640 delas são mulheres/meninas vítimas de estupro e tentativa de estupro. “A gente pega de forma bastante preocupante os dados de que 4 meninas de até 13 anos, foram estupradas por hora no Brasil. E quando a gente traz para a nossa realidade a gente não fica muito diferente desses tristes números, porque mais de 80% dos estupros cometidos em MS no ano de 2018 foram contra crianças e adolescentes”, lamenta.
Ela compara ainda com dados que apontam a diminuição da criminalidade no Estado. “ De forma geral, os crimes que dependem da repressão policial estão sendo contidos. Mas quando a gente fala de violência sexual, de feminicídio, de violência doméstica, elas são cometidas dentro das residências, e o Estado não pode entrar dentro das residências para coibir esse crime. Então na contramão de todos os índices que diminuíram, a violência contra a mulher aumentou”, explica.
O Governo do Estado, através da Subsecretaria de Cidadania, tem promovido ações de prevenção, alinhadas com as campanhas voltadas as políticas públicas de enfrentamento a violência. “Não é só papel do estado, não só uma questão da justiça, e não só da segurança pública. Porque a gente repete, esses crimes são cometidos vias de regra por pessoas conhecidas da família, crimes cometidos dentro de casa. Então nós precisamos sim, dizer para essas crianças e para esses adolescentes que violência sexual é crime, que tocar nas partes intimas da criança é crime. E a criança tem que saber a quem reportar quando isso acontecer”, defende.
Além da Campanha Maio Laranja que promove o mês de conscientização com debates, palestras de combate ao abuso e exploração de crianças e adolescentes, Campo Grande e Dourados, possuem espaços específicos para atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência. “Aqui em Campo Grande nós temos a DPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), que tem todo um ambiente preparado para uma escuta qualificada com psicólogas; em Dourados também na Delegacia de Atendimento à Mulher, nós temos atendimento a crianças e adolescente vítimas de violência sexual por uma psicóloga, perita inclusive que lauda isso para prova judicial, mas não é a realidade dos 79 municípios do Estado”, destaca.
Para ela a solução é ampliar o debate e envolver toda sociedade. “Nós temos que levar sim para um ambiente público, a educação pela igualdade de gênero, a educação sexual. Porque se a gente não falar de forma aberta com a criança e com o adolescente, vai continuar sendo um tabu, e dentro de casa vai continuar sofrendo essa violência. Nós precisamos falar! Conversar com a gestão pública, com os técnicos, com os gestores que estão na rede socioassistencial, na rede de saúde, e também na educação. Para que a gente some esforços, faça uma grande campanha de combate ao abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes”, pontua.
› FONTE: Portal do MS