O secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, esteve na manhã desta terça-feira (27) apresentando um balanço dos últimos quatro meses frente à Secretaria Municipal de Saúde (SESAU), durante sessão da Câmara Municipal de Campo Grande, atendendo convite da Comissão Permanente de Saúde da Casa de Leis.
O relatório apresentado pelo secretário trouxe um diagnóstico da situação encontrada e as ações que estão sendo executadas, além de projetos a médio e longo prazo. A epidemia de dengue, urgêncialização da saúde, êxodo de médicos, judicialização na saúde, falta de qualificação de unidades de saúde, fortalecimento da Atenção Primária, reforma do hospital das Moreninhas e a construção de um hospital municipal foram um dos temas abordados. O relatório completo está disponível para consulta através do link http://www.campogrande.ms.gov.br/cgnoticias/downloads/relatorio-de-gestao-sesau-abril-a-agosto/.
José Mauro Filho assumiu a secretaria de saúde em abril deste ano em meio a um cenário de epidemia de dengue, com mais de 28 mil casos notificados, o que gerou aos cofres públicos um custo de aproximadamente R$27 milhões nas ações de enfrentamento.
“Tivemos que intensificar nossas ações, principalmente nos bairros o que, consequentemente, elevou nossos gastos com pessoal, combustível, insumos, laboratório, entre outros”, disse.
Através das ações estratégicas adotadas pela secretaria durante os últimos quatro meses foi possível reduzir o número de casos da doença de 9.600 em abril para 63 em agosto. O resultado positivo é refletido também no Levantamento Rápido de Infestação do Aedes aegypti (LiRaa) que caiu de 2.9 para 0.6 no mesmo período. O índice considerado satisfatório é abaixo de 1.
Como estratégia para evitar epidemias futuras o secretário citou o método Wolbachia, que está sendo implementado no município através de uma parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Por meio da introdução de mosquitos geneticamente modificados na natureza é possível fazer o controle biológico das doenças neutralizando o vetor.
A previsão é de que em novembro desse ano a região das Moreninhas receba uma nova fase do projeto, com a instalação das armadilhas nas residências para eclosão dos ovos com Wolbachia, gerando assim mosquitos com capacidade reduzida de transmissão do vírus.
Êxodo médico
O balanço apresentado pelo secretário revelou que o município perdeu 520 médicos somente nos últimos dois anos, sendo 120 especialistas o que, consequentemente, sobrecarregou a assistência.
Uma das medidas tomadas pela gestão para sanar essa situação foi a abertura de concurso público com 633 vagas, sendo 285 exclusivas para médicos, em 37 especialidades diferentes.
“É o maior concurso da história da saúde de Campo Grande. Tivemos mais de 17 mil inscritos no geral e mais 600 médicos que poderão ser chamados a compor o quadro da Sesau. Esperamos profissionais qualificados para complementar as unidades onde não temos equipes fechadas e, assim, fortalecer a saúde”, comentou.
A alteração na contratualização dos profissionais médicos através de projeto aprovado pela Câmara em relação à carga horária dos médicos também é citada como alternativa para garantir mais consultas com especialistas pouco encontrados nas unidades, a exemplo de dermatopediatra ou reumatologistas.
Qualificações
Nos últimos anos o município deixou de receber aproximadamente R$38 milhões pela não qualificação e habilitação das unidades de saúde e serviços.
“Em julho iniciamos as reformas das Unidades de Pronto Atendimento (UPAS) Coronel Antonino, Vila Alemida e Universitário, para solicitarmos a qualificação junto ao Ministério da Saúde o que, por sua vez, vai garantir um aporte financeiro maior para custeio”, adiantou o secretário.
Ambulatório de psiquiatria do Centro de Especialidades Médicas (CEM) também passou por processo de habilitação, recebendo incremento anual de R$360 mil, assim o o Serviço de Atenção Domiciliar (SAD), que passou a receber R$600 mil.
Avanços
Nos últimos quatro meses sete novas viaturas foram adquiridas para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), totalizando mais de 50% na renovação da frota, atualmente composta por 13 ambulâncias.
Medidas para organização e valorização do servidor, implemento de tecnologia nas unidades de saúde, pois os softwares estão há anos desatualizados, planos para qualificação dos servidores e criação do primeiro centro de estudos municipal também foram apresentados como avanços da gestão.
Fortalecimento da Atenção Primária
Campo Grande teve 25 unidades de saúde habilitadas no programa “Saúde na Hora”, que vai proporcionar um aumento de R$10 milhões por ano no aporte financeiro para Atenção Primária.
O programa Saúde na Hora visa ampliar o acesso da população aos serviços da Atenção Primária, como consultas médicas e odontológicas, coleta de exames laboratoriais, aplicação de vacinas e pré-natal.A iniciativa amplia ainda os recursos mensais a municípios que estenderem o horário de funcionamento das unidades de saúde para o período da noite, além de permanecerem de portas abertas durante o horário de almoço e, opcionalmente, aos fins de semana.As unidades passam a receber os recursos ampliados para custeio mensal das equipes já no final do primeiro mês de funcionamento, sendo observado o atendimento aos critérios previstos na Portaria 930/2019
O município passou a integrar também o Laboratório de inovação na APS da Fundação Oswaldo Cruz, com nove unidades de saúde e 41 equipes participante.
O projeto visa o fortalecimento das ações de vigilância em saúde, aquisição de equipamentos, realização de oficinas para uso racional de medicamentos, desenvolvimento de pesquisas de avaliação da Atenção Primária, implantação de dois observatórios para apoiar o trabalho de equipes de Saúde da Família, implantação do serviço de telemedicina e a oferta de até 45 bolsas de residência em Medicina da Família e Comunidade, além de 100 bolsas para Residência Multiprofissional Saúde da Família
Projetos a médio e longo prazo
A reforma do hospital das Moreninhas (maternidade) e a construção de hospital municipal foram elencados como propostas a médio e longo prazo.
A ideia, segundo o secretário, é ampliar a oferta de serviços, procedimentos e cirurgias , além de solucionar o problema de falta de leitos.
“Nas Moreninhas, caso a gente consiga viabilizar o projeto, poderemos ampliar a capacidade de produção para 300 cirurgias de várias especialidade. Antigamente, naquele local, eram feitas 50 procedimentos. Com o hospital municipal, resolveríamos outro grande problema nosso que é a indisponibilidade de leitos e, consequentemente, as longas esperas de pacientes por transferência nas nossas unidades de urgência e emergência”, ponderou.
› FONTE: http://www.campogrande.ms.gov.br