Dados apresentados pela Divisão de Promoção Social da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) apontam que, em apenas um ano, a instituição está dobrando o total de grupos de detentos atendidos em projetos de enfrentamento à drogadição em presídios de Mato Grosso do Sul.
Segundo a chefe do setor, Marinês Savoia, em 2018 eram 11 grupos atendido, hoje são 18 ativos e outros quatro em fase inicial de implantação, beneficiando diretamente cerca de 350 custodiados.
Os números foram expostos durante a abertura do 3º Encontro Narcóticos Anônimos e o Sistema Penitenciário, realizada nesta sexta-feira (7.6), pela Agepen em conjunto com voluntários do Narcóticos Anônimos (N.A.).
A iniciativa teve por objetivo traçar estratégias para difusão e ampliação desse trabalho no próximo ano, bem como proporcionar qualificação e aperfeiçoamento a psicólogas e assistentes sociais que atuam com os projetos nessa área junto à população carcerária. A intenção é que todas as 42 unidades prisionais sejam atendidas.
O evento contou com a apresentação de voluntários do N.A. sobre as realizações nas unidades prisionais do estado. “Esse encontro tem como objetivo acelerar o crescimento, com planejamento e estratégia para atendimento de forma que todos os presídios possam contar com a participação do N.A.”, explicou. “Pois tem toda uma necessidade de logística, bem como estrutura física, para que possamos atuar”, complementou o voluntário de Relações Públicas do Narcóticos Anônimos, que por conta do sigilo do trabalho não pode ter seu nome divulgado.
Também houve apresentação do juiz da 1ª Vara de Execução Penal de Campo Grande, Mário José Esbalqueiro Júnior, que falou sobre a Lei Federal 13.840, sancionada no dia 5 deste mês, que aborda o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas. A legislação também autoriza a internação compulsória de dependentes químicos, sem a necessidade de autorização judicial. “É uma lei que traz essa preocupação de tratar a dependência química”, comentou se mostrando a favor da nova legislação, reforçando que é necessário focar também na pós-internação. “É preciso definir também como se dará a continuidade a esse tratamento”, comentou.
O magistrado destacou ainda o trabalho desenvolvido pelo sistema prisional para enfrentar essa questão. “São pessoas preocupadas com a nossa população carcerária”, elogiou. “Pois esse público tem relação bastante íntima com o uso de entorpecentes, seja como usuários ou relação próxima por conta da família desestruturada”, argumentou.
Trabalhando há mais de 30 anos com o tema, o presidente do Conselho Estadual Antidrogas (CEAD), psiquiatra Marcos Estevão, também fez uma apresentação aos participantes e destacou a importância de unir forças para o enfrentamento ao uso de entorpecentes. “Todas as peças são importantes: espiritualidade, médico, psicólogo e grupo de apoio. Unindo as forças há uma grande possibilidade de sucesso no tratamento”, defendeu.
Presente na abertura do encontro, o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, agradeceu o empenho dos servidores penitenciários e parceiros envolvidos nesse trabalho.
O dirigente reforçou a importância de ter esse olhar especial com a causa no sistema prisional, tendo em vista que grande parte da população carcerária tem envolvimento com entorpecentes. “O uso da droga pode levar à criminalidade e, se conseguirmos que essa pessoa saia melhor do sistema do que quando entrou, com certeza, conseguiremos reduzir os índices de violência”, frisou.
Grupos de Apoio
Iniciativas de combate à dependência química entre custodiados em presídios de Mato Grosso do Sul são coordenadas pela Diretoria de Assistência Penitenciária da Agepen (DAP), por meio da Divisão de Promoção Social. Desenvolvidos por agentes penitenciários da área de Assistência e Perícia, os trabalhos envolvem, principalmente, terapia em grupo e contam com o importante apoio de voluntários do Narcóticos Anônimos (N.A.).
Durante os encontros dos grupos terapêuticos das unidades prisionais, os integrantes de N.A. expressam a importância dos doze passos para a recuperação, partilham suas próprias experiências com o uso das diversas drogas e como suas vidas mudaram a partir do momento em que passaram a encarar a adicção como doença. A principal meta é superar o hoje, um dia de cada vez.
O termo drogadição foi criado para definir todo e qualquer vício bioquímico de seres humanos em relação à alguma droga. O termo é utilizado também para se referir às causas do vício químico no que se refere à inclusão e exclusão do indivíduo na sociedade, fatores econômicos, políticos, genéticos e biofarmacológicos . Segundo o Dicionário Aurélio, em medicina o termo significa “quem não consegue abandonar um hábito nocivo, mormente de álcool e drogas, por motivos fisiológicos ou psicológicos”.
Segundo a definição encontrada no Dicionário Aurélio, o termo significa “afeiçoado, dedicado, apegado. Adjunto, adstrito, dependente. Em medicina é quem não consegue abandonar um hábito nocivo, mormente de álcool e drogas, por motivos fisiológicos ou psicológicos”.
› FONTE: Portal do MS